sábado, 5 de julho de 2008

Educação para políticos, por que não?

Para presidente da República, governador, deputado e senador federal, ensino médio completo. Para vereadores e prefeitos, ensino fundamental. Essa é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada recentemente pelo deputado federal Carlos Manato (PDT-ES). Se aprovada, representará um enorme avanço para o país. Se...

Muitos condenam esse tipo de proposta por a considerarem preconceituosa, uma vez que restringiria o acesso a cargos eletivos a pessoas que tiveram a oportunidade de estudar. É bem verdade que, num país com tantas desigualdades, arrisca-se a cometer injustiças quando o assunto é o acesso à instrução. Conselhos comunitários, associações de classes e outras entidades poderiam abrigar os “sem diploma” – há de se criar mecanismos para a participação de todos os que tenham idéias e queiram agir pelo social.

De todo modo, cargos públicos exigem conhecimentos de gestão, economia, administração, políticas públicas e capacidade de análise crítica de dados e de informações. Além disso, certas características poderiam ser citadas como desejadas ou inerentes à função: discernimento entre certo e errado, ética, moral, retidão de princípios, objetividade...

Todos que se candidatam deveriam saber ler para estudar as leis, as normas, os livros e os projetos existentes e para analisar propostas e reivindicações que lhes são apresentadas; deveriam saber escrever para redigir idéias e apresentar novos projetos; deveriam saber pensar e entender os vários aspectos de um problema a fim de buscar as melhores soluções; deveriam saber administrar. Claro que diplomas não comprovam esse tipo de aptidão. Não basta tampouco ter assessores competentes e graduados para cuidar das formulações intelectuais e do operacional. É preciso visão e preparo para assumir certas responsabilidades, para participar de discussões e de estudos sobre o destino do país.

A educação tem que ser vista como instrumento de crescimento. Crianças cujo sonho é se tornar políticos passariam a se dedicar mais ao estudo para atingir esse objetivo.

O que se pretende com a busca da escolaridade mínima é fazer com que os homens públicos se preparem melhor, é evitar a improvisação. Infelizmente muitos se elegem pensando nos salários, benefícios e imunidade muito mais do que em desenvolver um trabalho voltado à sociedade. Mas a escolaridade nada tem a ver com esse fato, visto que alguns desses “profissionais do voto” têm diplomas...enfim...

Se a emenda passasse, ainda faltaria exigir formação específica e continuada dos políticos. Cursos preparatórios para os candidatos e de reciclagem para os eleitos, a serem ministrados em escolas de administração pública como a ENAP, por exemplo. No currículo, seriam oferecidos módulos de formação administrativa, ética, moral, cívica, jurídica, econômica e tantos outros temas necessários a quem se dedica ao coletivo, ao público, à Nação.

Ah... mas não seria apenas isso... faltaria ainda exigir assiduidade... bons resultados... menos recessos, mais votações. E para assegurar que todo o conhecimento fosse bem utilizado e rendesse mais e melhores frutos, quem sabe um dia “as casas” trabalhassem quarenta horas semanais, com férias de trinta dias por ano? Sem recessos nem sessões – e pagamentos – extras...

Educação para todos e principalmente para os políticos ! se não exigirmos o exemplo vindo de cima, como continuaremos administrando uma sociedade sem exemplos?

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