quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Entre panetones e beijos

Com o escândalo dos panetones, o que me intriga é que sempre nos limitamos a nos indignar com os escândalos mais recentes. E se o esquema não vem à tona, sem a ajuda de câmeras escondidas, fingimos que nada de errado está acontecendo. Exemplo disso são os absurdos ocorridos na era Ror...
E se ele voltar? Aquele que rifou o Distrito Federal, num populismo cara-de-pau que distribuiu terras sem dar a mínima infra-estrutura de saneamento, sem criar empregos, sem investir em serviços públicos, superfaturando cada viaduto e comprando votos com tijolos e camisetas.
Epa, será que descrevi toda uma classe de homens públicos? Não, falava apenas de um cujos lucros só ajudo a aumentar, comprando seus laticínios, por pura falta de opção...
Volto aos panetones - aliás, não comi nenhum este ano, por estar de dieta... claro que, na dúvida, armazenei uma unidade para quando puder provar. Mas me comprometi a combater excessos: convidarei pessoas para comer o panetone comigo.
Entre panetones e beijos, o cidadão comum vive um caso de amor com a política, mas no papel de mulher traída. Em nosso país, infelizmente não existe educação política para conscientizar o povo do jogo existente por trás dos panetones e meias recheadas.
Infelizmente o que dita as regras do jogo são os acordos tácitos, as coalizões, as trocas de favores, os favorecimentos e imunidades proporcionados pela vida pública.
Homens públicos, que realmente pensam no coletivo, são poucos e são rechaçados e perseguidos pela maioria.
Se estiver pensando em iniciar nova carreira ou abrir um negócio, fica um conselho: abra uma fábrica de panetones ou de informática. Resista à tentação de entrar para a política. Apesar dos ganhos certos, o preço que se paga é muito alto e os valores éticos são no mínimo questionáveis.