quinta-feira, 11 de março de 2010

Médico sem vocação

Era uma vez um centro de saúde da Ceilândia (DF), onde médicos atendem com má vontade, tratando os pacientes com frases como "eu mereço".

Minha passadeira, amiga antiga da família, é diabética. Aprendeu a controlar suas taxas com aquele aparelho que fura o dedo. Como qualquer pessoa depois dos 40 anos, precisa fazer exames periódicos.

Com um check-up agendado há meses, resolveu aproveitar que seria examinada para já levar um raio-x da face, a fim de tratar dores que faziam supor tratar-se de rinite alérgica ou sinusite aguda. Decidiu, então, pagar para fazer um raio-x numa clínica particular para levar para o médico do posto de saúde. Para sua infelicidade, a clínica onde fez a radiografia não lhe deu um laudo. Ao chegar no centro de saúde, o médico - clínico geral - ficou irritado, dizendo que não era radiologista, que não tinha a obrigação de olhar aquilo.

Os médicos sem vocação que passam nos concursos da rede pública de saúde deveriam ter aulas de ética e de educação para aprenderem a lidar com pessoas. De repente deveriam ter sido químicos, para não terem que lidar com o público.

Lógico que se aproveitam da condição desfavorecida e humilde do público para soltar todo tipo de pérola, demonstrando de tosca grosseria a primária falta de profissionalismo.

São os desassistidos que recorrem à rede pública que "não merecem" ser tratados feito bichos. Sem alternativa, são obrigados a serem atendidos por médicos infelizes.

Fila dupla nas comerciais de Brasília: motoristas irresponsáveis

Sou a favor da fila dupla responsável. A pessoa que para atrás de outros carros, trancando-os, nos pequenos estacionamentos das comerciais de Brasília, deve ter no mínimo a decência de estar a postos para deslocar o carro quando necessário ou, melhor, deve permanecer no volante enquanto uma segunda pessoa vai às compras.

O batalhão de trânsito de Brasília agora vigia as comerciais para evitar a fila dupla sobretudo nos horários de muito trânsito (12h e 18h). Nesses horários é impossível parar nessas ruas, ocupadas na grande maioria pelos carros dos próprios lojistas. Não se pode nem mesmo levar a vovozinha pra fazer compras, deixá-la na porta da loja e esperar que volte. Logo alguém te expulsa dali e te obriga a ficar dando voltas na quadra, arriscando deixar a vovozinha esperando no meio da rua e, pior, carregando algum pacote. Quem se importa com a vovozinha, afinal de contas!

Adoro ir às compras no sábado, quando os policiais estão de folga, provavelmente também fazendo compras - alguns deles também com suas vovozinhas. Nesse dia podemos parar sem ser punidos pela falta de planejamento dos nobres urbanistas de Brasília, que não pensavam que um dia haveria tantos carros no mundo. Aliás, conheço um ou outro arquiteto discípulo de Lúcio Costa, que nem carro tem, portanto, não está sofrendo deste mal do século XXI. Sortudo!

Enfim, nos últimos dias fui vítima de dois motoristas irresponsáveis. O primeiro foi num sábado à tarde. A rua estava super tranquila e quando fui pegar meu carro, estacionado em uma das vagas, não consegui sair por causa de um corsa sedan com crucifixo pendurado no espelho retrovisor. Educadamente, entrei nas quatro lojas em frente ao local e perguntei pelo motorista do carro. Nada. Olhei em volta, não havia ninguém com cara de dono de corsa sedan com crucifixo pendurado no retrovisor. Decidi então dar uma buzinadinha. Nada. Mais outra buzinadinha. Nada. Fui ficando chateada. Dei uma buzinada mais longa desta vez. Nada. Sentei a mão na buzina! Nada. Apenas os olhares constrangidos dos lojistas a quem passei a incomodar. Os que me viram à caça do motorista minutos antes se solidarizavam comigo, reprovavam a conduta da pessoa que deixara o carro na fila dupla. O sol torrava os miolos e nada do sujeito aparecer. Resolvi então esperar, imaginando que guincharia ou multaria o carro se tivesse como. Sábado à tarde não tem guincho nem multa, resignei-me. Cerca de 10 minutos depois, eis que surge uma jovenzinha com sacolas pedindo desculpa: "me desculpa, moça, eu esqueci que tinha deixado carro aí! me desculpa!", repetia. "Desculpa?! eu já tava quase quebrando o vidro do teu carro! Irresponsável!", retruquei fula da vida.

Dois dias depois, em plena segunda-feira, beirando 19h, dei duas voltas numa comercial em busca de uma vaga. Estacionei e fiz compras em três lojas. Ao voltar, com comidas quentinhas pra levar pra casa, encontrei, trancando o meu carro, um gol com um adesivo com a inscrição www.agacielmaia.com - diretor-geral do Senado por anos, autor de diversos livros e artigos. Aquele das Tardes Molhadas noticiadas pela revista Época, que mantinha uma sala secreta no Senado, onde foram encontradas revistas masculinas e KY... e do cofre que diziam ter dinheiro suficiente pra manter os estoques de panetones de todos os amigos...

Pois bem, fiquei trancada pelo tal gol, buzinei inúmeras vezes, liguei os faróis, a luz de ré. Tudo em vão. O dono do carro nem se deu ao trabalho de vir tirar o carro. Olhei pelo retrovisor e constatei que entre o gol e um carro parado atrás dele havia um pequeno espaço. Depois de várias manobras, consegui sair quase tirando tinta do gol. Nem acreditei que meu carro passaria ali, mas já estava disposta a empurrar o gol pro meio da rua, se preciso fosse.

Ocorre-me que é preciso começar a temer e combater motoristas como a moça das sacolas ou o amigo do Agaciel, que demonstram completa falta de educação e de respeito aos outros. Considero egoísmo sair passeando pela quadra e largar o carro de qualquer jeito, sem nem cogitar que vai incomodar outras pessoas. Como infelizmente a cultura da falta de educação parece cada vez mais arraigada no Distrito Federal, na falta do Batalhão de Trânsito, fila dupla irresponsável deveria ser punida com vidro quebrado e pneus esvaziados. No mínimo. Falta de educação gera violência!

Moral da história: Diga-me com quem andas, e como estacionas teu carro, e direi quem tu és.